postado por Rafaé
O mundo parecia parado. Não pelo clichê. Pelo horário mesmo. Uma ou cinco da manhã – não importa. Ali naquela região ibérica, as únicas coisas que chamavam a atenção eram o mar – pequeno e revolto – e o imponente farol, que naquela época do ano guiava pouquíssimos errantes.
O abismo entre a realidade e o momento era notável. Delírios e êxtase diluíam-se. O farol já não funcionava, pois não havia a necessidade. Até mesmo o mar se acalmava, pois o sol estava por vir. Imersa em uma realidade de festim, a noite se esvaia.
O farol sentia e compartilhava os momentos que se sucediam, sem nunca se romperem. O chão, o ar, tudo parecia absorver aquele delírio. Poucas foram as palavras ou observações. Talvez até a realidade tenha sido pouca, tamanho o êxtase – que dispensa racionalidades.