postado por Lord Rafaé
E foi daí que a aversão ao catolicismo passou a ser a sua principal característica. Ou seria apenas um amor não realizado?
Ele sempre a seguira, por trens, ônibus e ruas. Até mesmo no Twitter era seu seguidor. Mas contato direto, pessoal, nunca tivera. Era como um amor platônico. A timidez o impedia de um simples ‘oi’. Mas constantemente ele arranjava um jeito de tocá-la. Seja braço com braço pelas calçadas, ou costas com cotas nos coletivos lotados.
Por acidente (um esbarrão forte demais) foi obrigado a olhá-la nos olhos e pedir desculpas. O nervosismo o corroia. Mas ela, que nunca teve fama de distraída, já o havia percebido há semanas. Das desculpas, ele acabou por vomitar um gaguejante “Dá dá o seu telefone?”. Ele nunca soube de onde saiu esta pergunta, mas adorou o sorriso da resposta.
Com o número do telefone da amada anotado no dorso da mão ele saiu, já treinando as primeiras palavras que diria. A chuva caiu forte e inesperadamente. Típica do verão naquele local. Nem o granizo, nem os raios foram capazes de diminuir o ritmo do apaixonado mais realizado daquela região – molhada.
Chegando em casa, despiu-se, foi até a geladeira e abriu uma cerveja – como de costume. Sentou no sofá e, pasmo, diagnosticou a catástrofe. A ponte entre ele e a felicidade havia sido destruída pela chuva. Em sua mão direita, apenas uma borra-azul-Bic.
A desgraça era medonha e real. Praguejou São Pedro, ou seria São Paulo? Não importa! Maldito fosse o santo que cuidava da chuva que atingira seu corpo, sabotando seu provável romance!! Na dúvida, esnobou Deus. Nem mesmo o xingou. Condenou-o ao descaso, ao esquecimento.
E ele era canhoto como o Lord, que eu constatei!