postado por Rafaé.
A julgar pelo calor do quarto, e o sol já conquistando a cama em sua totalidade, devia ser umas onze da manhã. Mas a noite ainda se fazia valer, pelo gosto de vodka na boca e um leve enjoo. Levantou-se e foi até o banheiro, onde, pelo barulho, vomitou e tomou água da torneira. Voltou e deitou-se novamente – pelo que vi, ainda bêbada.
Reconstituindo a noite, ela começou a tentar colar os recortes de realidade que lembrava. Relatou-me as conversas que teve. Das várias (in)verdades que a disseram (motivados pelo álcool). “Eu sei que só fizeram isso por que estavam bêbados”.
Prosseguindo com a reconstituição, a conversa foi amolecendo. O sol já abandonara o ambiente. O mesmo vento que refrescava o quarto, conduzia a cortina amarela em uma descontínua dança, que me fez lembrar a primeira vez em que a vi – sim, a cortina. Era um dia como o de hoje, mas a ressaca era maior.
Como que por uma inspiração do vento, ela (não a cortina) lembrou das doces palavras que ele (não importa quem) havia lhe dito. Seus olhos brilharam em relembrar das palavras. Quando questionei a veracidade das declarações, ela não exitou. “Eu sei em quem posso confiar”. Não debochei, mas guardei pra mim tais carícias.
Como sempre, sentimos as dores e os prazeres que optamos. Portanto, cabe a você decidir o que realmente faz sentido nestas linhas. Porque eu não sei o que está carregando consigo, mas aqui dentro, a vodka barata ainda trabalha – martelando.