postadopormarcoantonio
O céu vai te esmagar.
É o que grita George Pettit nos versos de “Crisis”, do Alexisonfire. A constatação da desgraça iminente, que não pode e não vai ser evitada cede ao ouvinte atento uma analogia auditiva com o que seria, caso fosse imagem, um sóbrio quadro de desespero. De cores fortes e pinceladas intensas, ou algo assim, que de artes visuais não entendo nada.
Parece-me interessante pensar que se a canção versasse simplesmente sobre uma cidade sendo destruída pela ação do fogo, a letra não chamaria tanto a atenção. Estaria o autor fazendo uso de elemento literário corrente e recorrente que sugere a idéia de destruição. O símbolo do fogo para tal resolução criativa seria adequado, bem vindo, e talvez até trabalhado de forma inédita e interessante. Mas preferiu o compositor usar a neve como causadora da situação. Há ainda mais alguns fatores sobre os quais não digo nada, porque não os compreendo a ponto de poder fazê-lo. Por exemplo, Dallas Green de tempo em tempo interrompe o “cantor oficial” da banda para avisar que a estória se passa em 1977.
E o melhor, penso eu, é a quantidade de exemplos que o personagem narrador dá que servem para elucidar a nossa percepção. Cita o caso de alguém dirigindo e que pode ter seu carro como caixão durante a tempestade que está vindo “no ano em que o punk morreu”, do viciado em drogas que está trancado em casa e que não vai ser ajudado por ninguém, entre outros. Mas, o mais interessante: Sem emitir nenhum juízo de valor sobre sentimentos pessoais, no entanto.
Sem aprofundar-me em tema algum da obra, e torcendo para que alguém fale algo sobre, para que iniciemos um diálogo, me despeço, por ora. Sei lá, deve ter veneno naquele riff dissonante do começo, e espero que mais alguém note, além de mim. Algo de desesperado e urgente, talvez?
Beijos a ninguém. Flores mortas para todos nós.