Prezemos pelos nossos medalhões! 4 814

postado por Rafaé.

Brasileiros. Somos assim. Falamos em excesso sobre tudo. Vivemos brincando com o que não devemos. Seja com Deus, o Diabo, ou a pedofilia. A morte também foi um tema banalizado nas mesas de bar. Mas foi aí que o destino nos preparou a vingança. Seja ela do céu, inferno ou das crianças mesmo.

Todos brincavam, faziam piadas a respeito de uma inprovável morte da nossa saudosa Dercy Gonçalves. Comunidades no Orkut não faltaram pra execução da piada. Mas o destino? Ah, esse não falha, jamais errou! Dercy sucumbiu às piadas e foi para o lugar onde tudo é bom e eterno.

Tudo bem. Perdemos uma grande brasileira. Mas estamos preparados pra isso. Afinal de contas, já perdemos grandes nomes, como o Grande Otelo. Mas o que ninguém esperava, é que a morte da Dercy abriria a porteira para que todos os nossos medalhões fossem a acompanhar na terra boa e eterna!

Quase oito meses depois, Clodovil partia dessa. Três meses depois, Michael Jackson foi, finalmente, mandar o seu Moon Walk na lua. Provavelmente ensinará o segredo do passo a São Jorge (eterno Moon Walker). Até aí tudo bem, estamos sempre preparados para grandes perdas.

Mas aí vem o trauma: Herbert Richards! Meus primeiros contatos com a Globo. Com os filmes, também medalhões. A história sem fim, Curtindo a vida adoidado, Duas babás da pesada… Só chegaram até mim em “Versão brasileira, Herbert Richards”. E só agora eu descobri que ele realmente existia. E o pior, morto!

2009 realmente foi um ano pesado. Quando achávamos que tudo estava passando. O natal se aproximava. Poderíamos finalmente encher a cara e nos contentar com as camisetas de presente, dezembro mostrou toda a sua fúria. Em menos de 24 horas, Lombardi (o dono da Tele Sena, e do robô Silvio) e a Leila Lopez. Ah… minha sexualidade aflorou namorando ela, no Pantanal. Menos de uma semana depois, Alborghetti. Por que, gente? Será o fim dos tempos? Guerras e aquecimento global, isso a gente supera. Mas um mundo sem medalhões? Aí já é demais.

Sim, estamos carentes de medalhões. Mas quando eu achava que o pior já tinha passado. Que 2009 havia sido um ano daqueles. Começa fevereiro de 2010, quase carnaval e adivinha! ET, o cara que mais acordou artistas no Brasil, também parte pra terra boa e eterna. Sem contar que a Hebe me aparece com câncer. Gente, onde esse mundo vai parar?

Essa é a nossa realidade, Brasil: estamos ficando órfãos de medalhões. Tenhamos compaixão uns com os outros. Porque nesse ritmo, eu realmente não sei onde esse mundo vai parar…

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4 Comments

  1. mano,
    como assim você esquece patrick swayze que foi terminar a dirty dancing do outro lado da vida?
    e o inenarrável mc pelé que nos abandona precocemente legando “piriguete” e “namorar pelado” à história da música e cultura popular desse país. foda, foda…

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Distante das Linhas de Nazca 0 1264

Thiago Orlando Monteiro

Alguns vazios aumentam sempre que tentamos preenchê-los. E geralmente, porque tentamos preencher com algo que não nos cabe, ou no mínimo não nos pertence.

Não há muito que se ver aqui em cima. Menos ainda há o que se orgulhar. O cinzeiro está transbordando de cigarros. Por cima da mesa são quatro maços vazios e mais um pela metade. Tem outro vazio que não dá pra ver, embaixo do sofá, mas isso é sobre outro dia. As latinhas de cerveja entulhavam a mesa de centro até agora pouco, agora só restam sete, as outras estão sobre a pia. São quatro e meia da manhã, não há mais tempo de se arrepender de nada.

O fluxo de ideias vem numa vertente capaz de mudar o curso de um rio. São dois furacões que espalham tudo o que acabaram de criar. Instantes após o caos a calmaria tenta se fazer presente. Mas não. Esse tipo de sentimento não é bem-vindo, não agora. O cartão de crédito transforma a pequena montanha em linhas. Tudo começa novamente. E só acaba um grama depois.

Nossos impulsos ruem nossa integridade. E como costuma acontecer, ruínas geram ruínas.

O nascimento do sol enfim consegue barrar o curso desse desastre natural. A sensatez, rara nessas condições, permite que três latas de cerveja descansem na porta da geladeira. Um banho quente ajuda a relaxar o corpo. Mas agora, nada é capaz de parar a mente. Já debaixo do lençol o coração bate como uma britadeira. O medo da vida toma conta outra vez. É curioso como tudo sempre lembra o seu contrário. Minha maior vontade era de não estar aqui. Perto de tudo o que me corrói e tão distante das linhas de Nazca.

Escrito pelo Gabriel Protski

Ilustrado pelo Tho

Carta a Hunter S. Thompson 0 1194

A temporada de futebol americano ainda não acabou. Ainda faltam bombas. Faltam andanças. Faltam confusões. Ainda falta muita diversão. Que venham mais 67. Mais 17. Que apenas venham. Mesmo que doa. Mesmo que canse. Mesmo que seja obrigado a conviver com o gosto de cloro. Talvez isso não seja plano para mais ninguém. Não importa. Que sigam os jogos, a temporada está só começando.

 


 

Carta de suicídio de Hunter S. Thompson:

“A temporada de futebol americano acabou.

Chega de jogos. Chega de bombas. Chega de andanças. Chega de natação. 67 anos. São 17 acima dos 50. 17 mais dos que necessitava ou queria. Aborrecido. Sempre grunhindo. Isso não é plano, para ninguém. 67. Estás ficando avarento. Mostra tua idade. Relaxe. Não doerá”

 


 

Gabriel Protski