postado por Rafaé
Sempre foi impulsivo. E por isso, sempre achava uma brecha na razão pra agir da maneira que lhe apetecesse. Aquela moto era muito mais que um objeto. Era o símbolo de sua vontade. Era com ela que iria até seus objetivos. E capacete, pra ele, era como camisinha (reduzia o contato com o prazer). Intensidade era o seu maior objetivo.
Foi assim, levando seu objetivo ao pé da letra, que E.A.V. abandonou sua noite previamente planejada para se jogar atrás de sua maior vontade (boa ou não, era intensa). Por ser um desafio tão sincero, não exitou. Montou em sua moto, deixando o capacete junto ao ambiente que o deixava deprimido, e pôs-se a correr pela rodovia.
Sua necessidade era clara, assim como a certeza de não dever fazer o que estava em andamento. Ainda assim, continuava, pois não tinha mais pra onde voltar. A estrada escura o confortava, e a leve chuva camuflava suas lágrimas, que insistiam em abandoná-lo. O que tinha a confessar era indizível aos ouvidos.
Mas após uma sequência de curvas, o alívio. O único fato que poderia o evitar de finalizar o impulso que o consumiria. Se ele percebeu o que aconteceu, não sei. Provavelmente sim. A verdade é que, como já havia previsto, a ansiedade o fez perder a cabeça. Por isso, em seu leito de morte, E.A.V. foi acomodado com seu capacete.
Como tivesse encontrado sua razão…