Postado por Marco Antonio
Fodam-se todos eles. Agora, no fogo cruzado, todo mundo sumiu. Não faria tanta diferença, de qualquer forma. Pelo menos eu penso que não, que éramos em só 3 no começo. Todo mundo sempre some no fim. Pelo menos é mais confortável tentar ver a coisa desse jeito. São 10 pessoas lá, e eu aqui sozinho, com a munição acabando. Eu vou morrer. Em breve.
Que seja um massacre triunfal, ao menos. Não me rendo ao inimigo, por orgulho. Que não faz diferença nesta hora (eu sei). Mas o que sei eu sobre a hora das coisas? Entregarei-me às balas como Michael Phelps se entrega à piscina. Ou como o cobrador se entrega ao seu posto de trabalho, no ônibus. Como a amada se entrega ao amante nos romances da imaginação de escritores competentes no ato de mentir. Ou como qualquer pessoa se entrega de coração a algo, qualquer que seja. Com uma displicência forjada para evitar que alguém saiba o quanto se quer aquilo, ou aquilo outro. Bom, pensando bem, num momento de lucidez em meio a esta loucura, passo a acreditar que o esforço para encontrar metáforas ruins é de todo inútil. Nem mais graça ou risada encontro em tal intento. Michael Phelps, cobradores de ônibus, amantes. Fodam-se todos eles também. Continuo procurando. Rindo da desgraça, que se eu me concentrar nela através do viés que me ocorre primeiramente, o da desesperança que chamo de realismo, o fim vai ser menos confortável. E já vai doer bastante, independente da minha vontade.
Tomara que me acertem na cabeça antes, então. Daí eu não sinto nada. Ou sinto pouco. Um brinde ao meu sangue, que em breve vai regar o chão.
Ninguém merece beijos.