Postado por Marco Antonio (agora surpreendentemente usuário do twitter!)
O que se dizia sobre o rapaz é que ele não tomava banho e que nunca arrumava a casa.
O que acontecia era que ele chegava sempre muito cansado do trabalho e que era solteiro. A vida pode parecer um grande chiqueiro para quem não tem ninguém ao lado para cobrar as coisas, mesmo que seja higiene pessoal. Era solteiro e desinteressado em deixar de ser, sabe como? Ainda que fosse bastante bonito e divertido, na minha opinião. Um desperdício, para um poço de virilidade daqueles.
Diziam também que mantinha o hábito de limpar os pés nos tapetes dos vizinhos de porta, para não sujar o próprio tapete depois dos dias de trabalho. O cara era pedreiro. E de acordo com o dia, se sujava um tanto mais, um tanto menos. As evidências eram as marcas no chão e nos tapetes. Morar em prédio pode ter desvantagens. Especialmente se você tenta delegar a outros a função de limpar a sujeira dos seus pés. Multas e advertências eram uma constante, até onde lembro. Mas não lembro de tudo, que eu morava no prédio em frente e sabia pouco da vida dos meus vizinhos.
Havia também a lenda sobre suas roupas estarem sempre fétidas e manchadas de suor ou tinta.
E falavam também que ele cantava todas as mulheres que lhe passassem pela frente, desde que parecessem minimamente saudáveis. Mas quanto a isso, nunca ouvi controvérsias. Ele era pedreiro, afinal, e me cantou algumas vezes.
Eu tento rever alguns estigmas que se fazem sobre profissionais de uma ou outra área, mas há alguns sobre os quais não digo nada. Estigmas são errados, geralmente. Mas há sempre as exceções. Passo em qualquer obra, e há sempre algum pedreiro que ao invés de trabalhar corretamente, arranja tempo e disposição para me lançar cantadas funestas. Quando não desrespeitosas. Tento entender seus motivos, mas ainda não consegui.
tá bom. eu sei que o uso do “funestas” tá inapropriado.
que nada cara… “funestas” ainda vai virar gíria..