Pandora Abre A Caixa E Vê Que O Que Há Lá Dentro É Triste E Mau 5 783

Postado por Marco Antonio, O Mestre Karateca

(Comentem gente, por favor. Eu imploro, pago em dinheiro e à vista. R$ 8,00 por pessoa que comentar)

Se você não corre o risco de parecer ridículo, você não está expressando o bastante. Pois eu digo que alcancei algo. Consegui parecer ridículo. Eu sei que sim, ainda que você não vá nunca ter a coragem de acusar-me, com medo de me ofender. Perca esse medo. É uma ordem.

“Amor, encontrei um apartamento / Há lá todo o espaço que queremos ter /  Foi construído com metal, amor e cimento / Meu irmão é o engenheiro chefe, antes que eu esqueça de dizer / Dois banheiros, uma suíte, mais dois quartos / Um só pra nossa tralha, que já não encontra mais aqui espaço adequado / Mas não é tão grande a ponto de que você, ao limpa-lo, sinta-se de todo escravizado / E é até bem localizado, perto de tudo, aquela coisa toda / Ponto de ônibus, açougue, mercado, enfim / De tudo. Uma verdadeira mão na roda / Li nos jornais e na internet sobre o lugar / E qual não foi o tamanho da minha surpresa / Ao constatar o quanto pouco de crimes que ocorrem lá / Porteiro no prédio, perto de um módulo policial / À noite na rua, luzes todas acesas / E mesmo o preço / Não é exorbitante como pensei que seria / Que nesses dias de hoje e amanhã / Sempre melhor pensar no melhor pras minhas parcas economias.

E que seria a vontade de mudar

Senão o medo de que tudo aqui pareça e seja sempre igual?

E se tudo, de fato, igual continuar?

Qual será, amor, nosso plano? Qual?”

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E a citação do dia é a de todos os dias, há uns dias: “I may look happy, but honestly dear…”

Mil beijos.

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5 Comments

  1. Ótima história de uma cara que quer comprar um apartamento (… construído com metal, amor e cimento…) *rima sem vergonha.

    hahahahaha! Quero meus oito reais! Aceito vale refeição ou cartão transporte.

  2. Bem legais os últimos 4 versos. Parece as quadrinhas do Leminsky =P.

    (e vc já deve 32 pila pra galera dos comentários)

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Distante das Linhas de Nazca 0 1274

Thiago Orlando Monteiro

Alguns vazios aumentam sempre que tentamos preenchê-los. E geralmente, porque tentamos preencher com algo que não nos cabe, ou no mínimo não nos pertence.

Não há muito que se ver aqui em cima. Menos ainda há o que se orgulhar. O cinzeiro está transbordando de cigarros. Por cima da mesa são quatro maços vazios e mais um pela metade. Tem outro vazio que não dá pra ver, embaixo do sofá, mas isso é sobre outro dia. As latinhas de cerveja entulhavam a mesa de centro até agora pouco, agora só restam sete, as outras estão sobre a pia. São quatro e meia da manhã, não há mais tempo de se arrepender de nada.

O fluxo de ideias vem numa vertente capaz de mudar o curso de um rio. São dois furacões que espalham tudo o que acabaram de criar. Instantes após o caos a calmaria tenta se fazer presente. Mas não. Esse tipo de sentimento não é bem-vindo, não agora. O cartão de crédito transforma a pequena montanha em linhas. Tudo começa novamente. E só acaba um grama depois.

Nossos impulsos ruem nossa integridade. E como costuma acontecer, ruínas geram ruínas.

O nascimento do sol enfim consegue barrar o curso desse desastre natural. A sensatez, rara nessas condições, permite que três latas de cerveja descansem na porta da geladeira. Um banho quente ajuda a relaxar o corpo. Mas agora, nada é capaz de parar a mente. Já debaixo do lençol o coração bate como uma britadeira. O medo da vida toma conta outra vez. É curioso como tudo sempre lembra o seu contrário. Minha maior vontade era de não estar aqui. Perto de tudo o que me corrói e tão distante das linhas de Nazca.

Escrito pelo Gabriel Protski

Ilustrado pelo Tho

Carta a Hunter S. Thompson 0 1212

A temporada de futebol americano ainda não acabou. Ainda faltam bombas. Faltam andanças. Faltam confusões. Ainda falta muita diversão. Que venham mais 67. Mais 17. Que apenas venham. Mesmo que doa. Mesmo que canse. Mesmo que seja obrigado a conviver com o gosto de cloro. Talvez isso não seja plano para mais ninguém. Não importa. Que sigam os jogos, a temporada está só começando.

 


 

Carta de suicídio de Hunter S. Thompson:

“A temporada de futebol americano acabou.

Chega de jogos. Chega de bombas. Chega de andanças. Chega de natação. 67 anos. São 17 acima dos 50. 17 mais dos que necessitava ou queria. Aborrecido. Sempre grunhindo. Isso não é plano, para ninguém. 67. Estás ficando avarento. Mostra tua idade. Relaxe. Não doerá”

 


 

Gabriel Protski