postado por Rafaé.
Tibeŕio nunca foi reconhecido por possuir bom gosto, garbo ou elegância. Nunca. Principalmente entre os cotidianos mais próximos (cinco). Cinco. Era exatamente este o número de pessoas ao redor do mundo que trocavam algumas palavras com essa figura tão desinteressante. Ao redor do mundo, utilizada aqui pra frisar que eram só eles mesmo, pois moravam todos na empoeirada rua Harry Haller – a mesma que Tibério. Seja por Orkut, Facebook, Twitter, qualquer realidade – virtual ou não – ninguém mais se relacionava com Tibério.
Conhecendo há pouco ou há muito tempo, é difícil tentar ressaltar alguma qualidade em um ser que vive, aos 37 anos, com a mesada da avó. Tibério é do tipo que filma acidentes de carro com a câmera do celular, seu currículo é escrito em Comic Sans, além de fazer mal: amor e macarrão – mesmo os mais básicos. Mas joga com alguma sorte.
A única fonte de autoestima para ele é o bar. Não pela cachaça, que o envelhecera mais do que o tempo conseguiria, mas pelos trocados que ganha em apostas, sejam elas na canastra, truco ou sinuca. Ultimamente Tibério anda calado e cabisbaixo – além do comum. Mas ninguém percebe, nem mesmo seus cinco amigos. Talvez pela pouca expressividade de Tibério e seus avatares.
Na verdade, Tibério continua o mesmo. Eu é que tentei achar algo interessante nele, nesses últimos dias. Coitado.