postado por Rafaé
Depois de muito tempo, ele pôde se entregar novamente aos pequenos prazeres, nem sempre compreendidos pelos outros. Não que sejam coisas que nós, aqui, possamos entender e achar bonito. Mas cá entre nós. Podemos ser indiferentes, ao invés de reprovar.
Caminhando assim, visivelmente inquieto, não se pode saber o que se passa por trás daquela expressão de semi embriaguez e riso contido. Talvez sejam as lembranças daquela mão, despida da luva, que ia e vinha, levando o cigarro àquela boca, até então desconhecida. Aquelas unhas vermelhas desafiavam a autonomia dos seus olhos, que já não compreendiam a realidade fora daquela mesa.
Pouca coisa fez sentido naquela noite. As lembranças não são tão nítidas, apesar de senti-las com um certo prazer, devido à certeza da sinceridade e intensidade daqueles delírios. No dia seguinte, a primeira imagem que conseguiu captar, além da garrafa d’água na geladeira, foi a daqueles olhos que refletiam a realidade além da janela (que não o atraia mais do que aquela cama). A cor daqueles olhos? Não soube definir. Cores não traduziriam o conforto transmitido pelo olhar de quem passou a noite inteira ao seu lado, com suas sinceridades.
Eis que o telefone tocou e a realidade (lá de fora) o chamou. Pronto, chegou a hora de juntar os pedaços da noite e montar versões convincentes…
Caramba Rafa…. adorei seu texto…. e lendo esse texto me veio uma ideia…. quando colocar em prática te aviso e você lê no meu blog.. beijos