postado por Rômulo, o ressuscitado.
Olhava para a lua como um menino olha para uma menina: atraído e envergonhado. Há anos já mantinha com ela (a lua) essa admiração platônica e apaixonada. Do morro mais alto da província em que morava desde sempre, noite após noite sentava-se ao pé de uma figueira para apreciar a ela, a lua, sempre como quem espera algo.
Naquela noite, rodeado por sons da natureza (um grilo cantando aqui, um roedor rasteiro balançando folhas ali), algo diferente aconteceu. Progressivamente, sentia-se mais leve, menos corporal e mais etéreo. Aos poucos, deixava o pé da árvore e rumava, vagarosamente, ao encontro do astro – a lua -, viajando envolto no negrume da noite. De ruído, apenas o das pancadas ritmadas do sangue que lhe percorria as veias e artérias, cada vez mais intensas.
Leveza e paz de espírito tomaram conta de seu coração. Regozijava-se e entregava-se ao deleite da singular fonte de luz (a lua), que de tão única tornava-se múltipla na visão de tão apaixonado espectador. Queria tocá-la, envolvê-la – menos ansioso que encantado e extasiado. Mas eis que veio o sol, despertando-o daquele sonho, tão real quanto inverossímil.
Pedro- Paulo Paz nunca soube se aquela fantasia sublime havia sido uma ilusão ou se algo de sobrenatural realmente lhe havia acontecido. Levantou-se da figueira e foi – ainda arrebatado – cuidar de seus afazeres diários.
Que bonito o texto, Kark’s – The Master!
breeeeeega… haha! CADÊ O COLOMBO?