postado pela redação
Demorou, mas saiu. Após um conturbado mês de agosto, setembro surge anunciando tempos melhores. Gabriel Colombo reaparece, mostrando que pode ser considerado um símbolo brasileiro de que o homem médio não está preparado pra encarar a vanguarda de frente.
Com um estilo intrigante, Colombo expande seus tentáculos, que vão de Clarice Lispector a Bruna Surfistinha. Sempre misturando literatura, prazer e provocação.
Ao que parece, a língua portuguesa já não basta para compor tamanha subjetividade do trabalho do novo poeta. E, assim como você, intrigado com o Gabriel, não sabemos até que ponto nos divertimos com ele, ou ele se diverte com nossas reações.
Mais uma vez, dediquem-se a desvendar este poeta de personalidade multifacetada, como todo bom pós-moderno.
1 – Qual foi a pessoa mais linda que viu em sua vida?
As belezas tendem a se deteriorar com o passar dos tempos. A pessoa mais linda que vi foi minha mãe: foi e é uma mulher extraordinária, em todos os sentidos!
2 – O que você pensa de si próprio?
Ah, se o meu espelho falasse! Ele poderia responder essa pergunta
muito bem! Penso que, seguindo a máxima de Nietzsche: ”torna-te quem tu és”, estou mais fiel a mim, me traindo cada vez menos. No mais, os outros dizem muito de nós.
3 – Qual é o seu objetivo na vida?
Meu objetivo? Parar de lambuzar a cueca e parar de parcelar em 5x no cartão… entendam como quiserem…
4 – De onde surgiu a ideia de fazer videopoesias?
Da vontade de que as pessoas sintam , através de sons e imagens, o
clima e a intensidade do que quero que todo mundo escute. Eu estava
incomodando muito os outros à minha volta, lendo o que eu escrevia, em
voz alta. Daí no YouTube, e na Galeria Multimídia do meu site, tem o
botão de ‘encerrar”. hehhehehe
5 – Como você vê a recepção do público para os seus trabalhos?
Como disse Clarice Lispector: “vai quem quer”. É uma obra fechada e não posso obrigar ninguém. Tinha uma guria que deveria fazer uma impressão trocada de mim, e quando leu meu livro, disse: “Nossa, Gabriel! Que leve!“. No mais, o brasileiro ainda consome pouca literatura, não entende muito do que pode ser uma poesia. É uma maioria, sempre teleguiada pelo ranking dos dez mais vendidos da revista Veja.
6 – O que mais influencia a produção dos seus vídeos?
A certeza que quero dizer aquilo. A certeza que meus pais não vão me
tirar a herança e o limite do possível. Nem tudo o que queremos é
possível de se filmar ou se falar.
7 – De quem mais escuta conselhos sobre sua obra?
De duas pessoas: do anjo que vive no meu ombro direito e o diabo, que
óbvio, habita o ombro esquerdo.
8 – Quais são os livros da sua vida?
Aqui vão três:
Assim Falou Zaratustra -Nietzsche
Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres -Clarice Lispector
Essa Loucura Roubada à Mão Armada que não Desejo a Ninguém a não ser a Mim Mesmo Amém -Bukowski
9 – Que escritor admira profundamente, e como lhe influencia?
Acho o Marcelo Mirisola muito bom. Consegue mandar todo mundo à
merda. Claro que deve pagar um preço: o de todo mundo odiá-lo.
10 – Como você vê o sexo na literatura?
Ainda estou para encontrar um livro que conte poucas e boas. Henry
Miller promete muito, mas não deixa ninguém de pau duro.
11 – E a Bruna Surfistinha. Ainda tem vontade de entrar na cabeça dela?
(Hum…vocês do blog estão apimentando, hein?!) Gostaria de entrar
não só na cabeça da Surfistinha! Mas tenho medo de doença…
12 – O que esperar dos próximos 10 anos para o seu livro? E o da Surfistinha?
Aviso: nunca esperem grandes estouros porque a vida boa é feita de
coisas prosaicas, com uma extravagância aqui e outra acolá. Mas me
esperem em inglês também… está na pauta um livro no idioma universal.
Para a Surfistinha, a lei da gravidade se encarrega… vocês sabem que a
tendência é cada vez mais “descer pra baixo”.
13 – Os seus textos mais ácidos são digitados com um só dedo?
Como vocês sabem disso??
Não tem como não identificar o estilo!
Pra você jovem, que não brindou a primeira parte da entrevista, deleite-se aqui.
O livro “Verde Cor de Menta e dos teus olhos”, de Gabriel Colombo, está
disponível nas melhores livrarias do país, bem como no site do escritor.
www.gabrielcolombo.com.br
P.s:o texto do nosso conhecido vídeo “French Kiss”, está no livro , onde foi primeiramente publicado.
é, jovens, esse é um post para ler e reler. o que mais me instigou foi o fator beleza acaba e o que sobra é a obra. Gabriel Colombo deixando sua marca na história. e nós, o que estamos fazendo? pra se pensar…
Uma extravagância aqui e acolá… como só esse blog tem =)
estou extasiado!
(e digitei com um só dedo, em homenagem ao poeta)
*tive que usar dois para o asterisco, parênteses e exclamações!
é, juventude. Nem todos nasceram pra chocar! Daí o brilhantismo da vanguarda.
Com VANGUARDAS ninguém aprende a lidar. Apenas rejeita-se ou aceita-se. Os tolos ficam pela história, enquanto os grandes escrevem o nome no livro do futuro.
Cacete de Agulha ,,, porra, o meu objetivo de vida, que até então não existia, agora é “parar de lambuzar a cueca e parar de parcelar em 5x no cartão” … Sério!!
Será que acabei de ler uma lição de vida ou apenas um simples post de determinado blog? Fica a questão.
Caros blogueiros do Obscenidade Digital,
Como eu já havia comentado com o Marco, fica a minha sugestão para dar sequência à lista de entrevista com personalidades atemporais de nosso continente: um bate papo com nossa querida Narcisa Tamborindeguy. AI QUE ABSURDO.
Um forte abraço.
só que eu tenho pra dizer: Sensacional!!!
mano, tira um número “1” do “11” de Setembro.
Só isso.
Estou, com o perdão da palavra, embasbacado. Meu momento preferido da entrevista (ou “bate papo”?) é a crítica ao hábito literário do povo tupiniquim. Sempre foi uma das minhas críticas ao país, e é regozijador saber que o Gabe compartilha dessa visão.
No mais, parabéns a quem formulou as perguntas. Realmente, Gabriel, apimentaram a entrevista e despejaram um dendê todo baiano. forte ABS
Regozijo-me de satisfação ao acompanhar o site. Parabéns aos apimentados blogueiros e ao Gabe, que é deveras um crítico e poeta muito sagaz.
Abs, brous.