postado por Rafaé
Alguma hora da manhã. A insônia me contempla novamente. Como é doce a madrugada, que adormece a todos, pra se dedicar somente a mim. Meus pensamentos ecoam pela noite. Os pequenos detalhes que me rodeiam já não me escapam. São todos descobertos. Confesso estar surpreso por não tê-los percebido antes.
Caminho pela casa. Pelo escuro. Pelo que sempre me cercou. No banheiro acendo a luz. Fixando meus olhos sobre minha própria imagem refletida no espelho, sinto perder a noção de mim. Tudo se atrapalha aqui. Tudo. Nada. Nada mais interage. Apenas se mistura. Tudo. O todo. O nada.
E eu acho estranho não me reconhecer. É curioso ser o que sou, diante de um espelho. Isto é: qualquer um. Um reflexo. Passivo. E eu sinto que se esse estado durasse mais um minuto, eu me tornaria completamente louco. Pouco a pouco meu cérebro se esvaziaria de todos os pensamentos.
Tenho cá pra mim que esta noite não acaba…
A noite sempre tem seu fim…
Mas isso não vale a seus devaneios,
Se já é quase manhã e você se sente assim,
O sol vem trazer a verdade, acertando-lhe em cheio!
Abraço, acolho e digo àquele que muito vale a mim,
Sinta o calor da luz e retorne a sombra sem receio.
Beijo no seu coração!
Isso me lembra de quando eu era criança, muito criança, e andava sozinho às vezes pela casa escura a noite maravilhado com a escuridão, a penumbra e o medo. Uma das imagens mais fortes de que tenho lembrança.
Tá devaneando bonito, rafaé, tipo poeta da madrugada.