Postado por Marco Antonio, o que não tem preguiça.
Traz café do mercadinho, que acabou o que tinha aqui. Recebeu seu salário já, né? Inventa uma desculpa pro seu Joaquim, qualquer coisa. Sabe que ele adora quando alguém pede pra comprar fiado, né? Tipo, é brincadeira, então nem peça. Ele odeia duas coisas, que eu lembre: ladrões e gente que pede pra comprar fiado. Zéfiro? o que é isso? Apareceu essa palavra numas cruzadas que eu tô resolvendo, por isso a pergunta, mas deixa que eu vejo na Wikipedia. Sabe quem é Zéfiro? Era um dos quatro ventos, na mitologia grega. Matou um cara chamado Jacinto, por ciúmes afetivos dele com o famigerado Apolo. Foda que esse tipo de coisa passa, e ninguém sabe, né? Imagina só. Matar o cara.
Mas acontece dessas coisas no inferno.
Aquelas pessoas que acham que o que é mau vem de fora, ou de longe, não conhecem as pessoas direito. Sim, Astolfo, eu conheço as pessoas. A minha profissão supõe que sim, pelo menos. (como se alguém pudesse ser definido com justiça por causa da escolha da profissão). O problema de tudo é o discurso, segundo as minhas observações. Na verdade, as coisas que acontecem não tem significado natural algum, a não ser que a gente esteja falando de fome ou de vontade de dormir. Tudo é revestido de significados, por causa da cultura e tudo o mais, mas não vou falar muito disso, que eu vi você bocejando, seu mal educado. Eu sei que é fácil de pensar nisso, Astolfo, mas você não precisa desprezar tudo o que eu penso só porque eu resumo as minhas idéias de um jeito simples. Como se o que você pensa fosse uma régua lá muito confiável, que te permita dizer o que é bom ou não. Essa arrogância ainda te derruba, cara. De verdade. E eu tava pensando nesse tipo de coisa também. Sabe o nome da mãe que torna o preconceito e a prepotência irmãs? Sabe? A mentira, Astolfo.
Sério, pensa nisso.
Como você não conhece uma coisa de perto, você inventa algo em cima da idéia rasa que você faz daquilo, e o nome disso é preconceito. Ou quando você fala que sabe sobre uma coisa que não sabe, e age de acordo com as suas idéias igualmente rasas, o nome disso é prepotência. Imagina se publicassem o diário de alguém que você gosta muito. Seria meio louco, né? Acho que a tendência ia ser o fato de que você não ia gostar, porque se você gosta daquela pessoa, você quer que a sua experiência seja a única válida e legítima, ou não? Sei lá. Não faz muita diferença, de qualquer jeito. Ontem eu quase quebrei o dedo, na construção. Inventaram de fazer um segundo andar na casa do cara, durante a execução do projeto. Não sei, mas acho que vou ligar na prefeitura pra ver se isso não é crime. Foi foda, porque derrubaram um saco de cimento na minha mão. E nem dá nada, também, porque tem coisas mais complicadas, que não vem ao caso dizer quais, que acontecem todo dia lá. Roubarem tijolo e areia, por exemplo.
Não hoje. Ontem.
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Marco Antonio.
Sempre aprendo com você.