postado por Rafaé
Sentados ali, no meio da rua. Dificilmente imaginariam este fim, praquela noite. De declarações a discussões, tudo ocorreu e os encaminhou até ali. Acompanhados pela garrafa de vinho barato, que manchava lábios e línguas a cada gole. Foram vários goles, pois o ritmo era lento, compartilhado e sincero.
A garoa , vista sob a luz – amarela – do poste.
Molhava.
O molhar era tão confortável quanto o momento.
Companhia cúmplice, na rua, onde deveria estar.
Olhando para o asfalto, já podia ver o contorno do meu corpo. A parte seca demonstrava exatamente a dobra do meu joelho esquerdo. Sobre o tal joelho, a água já encharcava a calça. Ao lado, a cumplicidade. Sempre presente. A garoa não incomodou, pois a rua era nossa. Tudo o que existiu por ali nos pertencia. Inclusive o molhar.
O melhor perfume foi usado. Sem atingir os sentidos desejados, é verdade. Enfim. O estômago tende a trabalhar contra o coração. Sendo assim, chá de boldo deve ser cúmplice dos amantes.
Celular vibra e me chama. É a bateria acabando. A cumplicidade, tão molhada quanto eu, decide se recolher e desvendar as dores de estômago amanhã, quando a rua já não for só nossa.