da carol
Menina, pare um pouco de pensar, por todos os amores, pelo todo que há, você precisa conseguir, por favor, pare um pouco, pare, por favor, por favor, por favor. Deite e durma, só durma, e quando acordar coma algumas maçãs, dance todas as músicas, brinque com as crianças, mas pare um pouco com isso, junte sua força e tente parar. Quando você caminha posso sentir você derramando pensamentos a muitos metros de distância e por onde você anda espalha alguma coisa, alguma coisa luminosa, e as crianças levitam, adultos não querem mais ir ao trabalho, as autoridades querem seu exílio, prendam a garota, garota estranha, energia que não entendemos.
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As autoridades então se reúnem e decidem construir uma cúpula de minérios em torno da menina, para que seus perigosos pensamentos não contaminem as casas e os bairros e as vilas civilizadas. E pouco a pouco o abandono tanto dói que já não pode mais pensar.
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A menina me olha como quem veio da morte.
Os parafusos ao chão agora me servem à construção do portal.
Vou te levar embora daqui. Espere até eu acabar de construir meu teletranscópio de flores com as instruções que aprendi com a professora. Ela mora numa cidade sem bolhas e lá você pode se expandir o quanto quiser.
Só mais alguns girassóis no motor e a gente não volta jamais.
Que lindo, minha filha! Muitas hortências e muita expansão, porque você sabe que aqui em casa não tem “bolhas” não!