postado por Rafaé, o marujo da vida.
O bom de viajar é deixar seus referenciais cotidianos pra trás. Alguns caem, outros incomodam. Existem também aqueles que se fortalecem, ganhando uns tempos a mais em nossa vida.
Na distância, algumas pessoas ganham mais espaço em nossos sentimentos. Lembranças inusitadas, vontades de compartilhar o pequeno porre, a grande felicidade, ou uma bizarrice qualquer. Cada um surge a partir de um fato. Existem também os que simplesmente não existiram. Para estes, o reconhecimento por terem nos proporcionado algo bom, num passado que inevitavelmente é embalado e guardado em lugar abrigado de luz, calor e umidade.
Sim, eu pensei em você. Pra você eu liguei. Pra você eu escrevi e-mail. Pra você mandei mensagem. Com você eu falei no facebook. Você não veio à minha mente. Foi bom. Não senti e nem neguei sentir. Melhor assim. Você me veio à cabeça todos os dias, mas não achei nada que pudesse simbolizar isso e lhe trazer (acho que nem o quis).
E é muito bom ter de quem lembrar ao sentirmos os prazeres distantes. Me senti assim, sentindo. Sentindo por sentir. Querendo sempre mais. O novo e o de sempre. Mas até os de sempre são ressignificados. Tornam-se outros. Se encaminham.
Novas pessoas nos apresentam novos universos. E é muito bom te amar por uma noite, por uma semana, por um porre. Desses amores que, como o álcool, te dão o auge durante a noite, a ressaca pela manhã e o alívio durante a tarde, quando tudo o que resta em nosso corpo são lembranças, nada de resquícios.
Interagindo com o seu, vários universos se transformam. Alguns precisam de dias para que assimilemos. E isso nos transforma. No regresso, nosso porto já não será o ideal. Necessita de reparos para abarcar nossas novas demandas e ambições. Uma espécie de bloodbuzz, maior ou menor de acordo com as intensidades que vivemos sinceramente. Mas ainda me sinto parte daqui. Parte de partes.
E em meio a tudo isso, uma pergunta: e se eu pudesse atracar em qualquer porto do mundo, pra onde eu iria?