postado por Rafaé, o arquipélago.
Hoje acordei e senti: seria diferente. As vontades que deixei passar, hoje seriam vividas. Como fosse o último dia de minha vida, hoje aconteceria tudo o que preciso para existir. Café da manhã reforçado, um passo de cada vez; pois hoje existirá.
Perfume de sexta-a-noite em plena segunda-de-manhã, pois hoje existirá.
Um bom dia sorridente a todos os vizinhos, porque já não me importa que este seja o último; pois hoje existirá.
Um dia especial como outro qualquer. Adentro ao ônibus quase lotado, onde o cheiro do primeiro banho predomina. Os olhares penetram o horizonte, que não tardará a chegar; pois hoje existirá.
O café recém passado na esquina, o bom dia cativante. Um time que ganhou, o outro que perdeu. Felicidades e tristezas que se misturam, embebidas em esperança, prometem um novo dia; pois hoje existirá.
Dentro do meu monitor, um universo que se reinventou. Você que cortou o cabelo, você que perdeu a dignidade, você que falou por falar. Mas isso não importa, já passou; pois hoje existirá.
Passo o dia reinventando o ontem, idealizando o amanhã. O agora não passa de um cumprimento de obrigações. Não me preocupo; pois hoje existirá.
A escuridão começa a raiar seus negros tentáculos no horizonte, tão longe daqui, do décimo andar. (Queria poder compartilhar contigo: o alaranjado-lilás que conquista o azul e enegrece os prédios). Uns minutos a mais de procrastinação, e outro dia estará vencido. Um dia a menos para sexta-a-noite-que-tanto-promete. E da segunda-feira resta a noite onde as surpresas residem; pois hoje existirá.
Agora, nada mais de obrigações, apenas prazeres. Duas ou oito cervejas que me dão o prazer de voltar pra casa. Nenhuma preocupação; pois hoje existiu.
Volto pra casa no mesmo ônibus, com as mesmas pessoas. Os sulcos cavados pelo tempo em sua testa revelam o esforço que lhe foi necessário para que este dia fosse abatido. Seu olhar caído, que não enxerga nada além do reflexo no vidro, revela o quanto lhe custa a vontade de viver, de sentir. Mas nada que justifique desânimo; pois amanhã existirá.
Booooa Benjamin! 🙂 “…pois amanhã existirá” É O QUE EU PENSO!