postado por Rafaé, o mosqueteiro.
Cosme andava tão sem graça que nem mesmo um dente de ouro traria brilho ao seu sorriso. Há tempos não se via forte, muito menos se orgulhava da sua sorte. Suas pequenas decepções cotidianas já não o incomodavam, porque afinal de contas a vida é mesmo assim. Pequenas tristezas sempre existirão. Cabe a nós reconhecer e colher as felicidades que se escondem por aí.
Parado ali, diante do espelho, Cosme mal enxerga seu reflexo, tamanho desânimo que o consome. Já não consegue manter seu olhar cruzado com o de mais ninguém, desde que desviou seus olhos de seu maior objetivo.
Mariana havia ficado para trás, sem ao menos saber que era parte fundamental para realização de planos e sonhos que Cosme tanto arquitetara em seu cotidiano-vazio.
No dia em que Mariana soubesse que era parte deste projeto de felicidade, sua vida ganharia um significado que só os que conheceram o amor reconheceriam. Dizem que só quem realmente viveu o amor compreende a grandeza de quem o carrega. Dizem coisas demais…
O fato é que Cosme abriu mão de conhecer o seu amor e veio embora protegido por uma desculpa qualquer. Desde que abandonou sua cidade, vem tentando se iludir a cada dia. Como se pagasse por pecados, Cosme sufoca sua vontade de Mariana enchendo-se de desgosto como quem tenta enterrar um buraco infinito.
Por um lapso de distração, Cosme acabou se reconhecendo ali, diante do espelho. O Cosme de outros tempos, que via no amanhã algo além de mais um hoje. Viu Mariana em seus olhos. “Talvez nós devêssemos dançar”. Não teve dúvidas, voltaria à sua cidade para admitir o grande amor que guardava para os dois; finalmente voltaria a existir e tomar para si a grandeza dos que conhecem o amor.
Correu para a rodoviária. Sem malas, sem preocupações. A partir de agora teria uma nova vida. Não precisaria mais de seu passado-quase-nulo.
Pegou o primeiro ônibus que conseguiu. Estava ansioso. Ninguém ali compreenderia a emergência de sua vida. Estava prestes a começar a viver. Chegou a esboçar um sorriso, enquanto olhava para o relógio e via que em menos de três horas daria início ao irreversível processo da felicidade.
Entrou no ônibus, sentou-se só, olhando pela janela como planejasse seus próximos passos. Carregava consigo um quase-sorriso, como nunca havia visto naquele rosto.
Jamais soube o desfecho desta história, Cosme jamais retornou. Não soube sequer se Mariana realmente existiu.
Sei apenas que ela o fazia viver.
Pronto para conquistar a galáxia meu caro? 🙂 Como de costume! Uma B.E.L.O TEXTO! <3
é nóis! 😉
🙂