Primeira e Única Mensagem do Olho que Tudo Vê 1 768

Postado por Henrique Chefe

Preparai-vos! Vou lhes dizer a verdade sobre o mundo, a grande verdade!

          Vocês, ratinhos brancos, aspirantes a algo, crescem acreditando que devem se preservar/preparar para algo, em um gran finale cheio de gente bonita e fogos de artifício. Mas a verdade é que quase ninguém está se preparando. Não conhecem a sujeira da terra nem a dureza do asfalto. Conhecem amortecimento em pistas planas e seguras com uma trilha sonora agradável. Não conhecem o poder da cura, pois vivem saudáveis e belos. Tentam não morrer agora para morrer lá na frente em uma queda baixinha, insignificante, suave e solitária.

          Amores, os extra-terrestres mandam buscar conhecimento. Oh, meus queridos, quanta bobagem! Eles sabem muito bem que devemos buscar poder, eles o fizeram há tempos imemoráveis. É o antídoto da frustração. Poder fazer ou não poder, isso vai definir sua vida – vida curta de privações ou uma vida longa de acontecimentos – isso em um experimento controlado que signifique um tempo físico de 70 anos para ambas as vidas testadas, por exemplo. Sim, isso é um texto de auto-ajuda.

          Coloque amor no seu coração, ódio em seus punhos, chão sob os seus pés e dinheiro no bolso. Ah, sim, muito dinheiro. Não que ele valha alguma coisa. Experimente matar a fome com uma bola de notas de Euro ou Dolar. Elas tem gosto de papel, tinta e sujeira. Talvez o mais desgostoso seja a sujeira. Aliás se você for arredio a sujeira, talvez precise de talento e muito suor, digo sangue. Resumindo, dinheiro é papel, mas poder é poder, nunca esqueça disso.

          Pequenino (a), quando você crescer e as coisas perderem a graça, pois brincar com ossos já não é mais tão legal, quando comparadas a Porsches e Jacuzzis, o ódio pode vir a brotar do seu coração e seus punhos se tornarem de algodão. Mas ninguém vai estar interessado em um abraço macio, seus pais já se foram e você não tem ninguém. Na verdade, no fim das contas, as pessoas querem mesmo carros elegantes (ver MGMT), apartamentos espaçosos, festas divertidas e viagens pelos mundos. E dentro desta Disneylândia da vida real há espaço para amor, abraços, grandes amizades e sorrisos sinceros. Claro que este círculo de barreiras mais altas que a Muralha da China vai negar tudo. Mas provavelmente você nunca vai estar lá dentro pra saber… desculpe a franqueza. Eu vi, pois sou o olho que tudo vê e, sim, sou melhor que você, antes que você pergunte.

          Meus amores, preciosos corações efervescentes por nada. Está é minha mensagem gratuita, postada na timeline da vida ligeira. Se ficou interessado, corra comprar meu livro “A Grande e Única Verdade” ou tropece e caia de cara no asfalto e faça um curativo no SUS, suje o corpo de terra e passe uma hora esfregando com muito sabão, roube um beijo de um cavalo e leve um coice no cu, dê um tiro em um político e seja agraciado em uma prisão suja e sombria. E aprenda algo.

          Ou então você pode se proteger da vida e vê-la passar sem um arranhão. Mas uma vida de higiene , é a escola da solidão. Você será o melhor nisso. Um exército de bons corações, renegados, recordistas de derrotas. Há o meu livro “Chorar para Espantar a Tristeza” que é muito bom, nesses casos. Mas se você quer mudar de vida, recomendo mesmo “A Grande e Única Verdade”, 39. edição. Apenas R$ 89,00, uma pechincha de amor a si mesmo.

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1 Comment

  1. E enquanto li esse texto uma trilha sonora passava em minha mente:

    “Eu tô perdido
    Sem pai nem mãe
    Bem na porta da tua casa
    Eu tô pedindo
    A tua mão
    E um pouquinho do braço
    Migalhas dormidas do teu pão
    Raspas e restos
    Me interessam
    Pequenas porções de ilusão
    Mentiras sinceras me interessam”

    Somos todos maiores abandonados – Cazuza

    Verônica Graeser, amiga do Dr. Sucesso

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Distante das Linhas de Nazca 0 1277

Thiago Orlando Monteiro

Alguns vazios aumentam sempre que tentamos preenchê-los. E geralmente, porque tentamos preencher com algo que não nos cabe, ou no mínimo não nos pertence.

Não há muito que se ver aqui em cima. Menos ainda há o que se orgulhar. O cinzeiro está transbordando de cigarros. Por cima da mesa são quatro maços vazios e mais um pela metade. Tem outro vazio que não dá pra ver, embaixo do sofá, mas isso é sobre outro dia. As latinhas de cerveja entulhavam a mesa de centro até agora pouco, agora só restam sete, as outras estão sobre a pia. São quatro e meia da manhã, não há mais tempo de se arrepender de nada.

O fluxo de ideias vem numa vertente capaz de mudar o curso de um rio. São dois furacões que espalham tudo o que acabaram de criar. Instantes após o caos a calmaria tenta se fazer presente. Mas não. Esse tipo de sentimento não é bem-vindo, não agora. O cartão de crédito transforma a pequena montanha em linhas. Tudo começa novamente. E só acaba um grama depois.

Nossos impulsos ruem nossa integridade. E como costuma acontecer, ruínas geram ruínas.

O nascimento do sol enfim consegue barrar o curso desse desastre natural. A sensatez, rara nessas condições, permite que três latas de cerveja descansem na porta da geladeira. Um banho quente ajuda a relaxar o corpo. Mas agora, nada é capaz de parar a mente. Já debaixo do lençol o coração bate como uma britadeira. O medo da vida toma conta outra vez. É curioso como tudo sempre lembra o seu contrário. Minha maior vontade era de não estar aqui. Perto de tudo o que me corrói e tão distante das linhas de Nazca.

Escrito pelo Gabriel Protski

Ilustrado pelo Tho

Carta a Hunter S. Thompson 0 1213

A temporada de futebol americano ainda não acabou. Ainda faltam bombas. Faltam andanças. Faltam confusões. Ainda falta muita diversão. Que venham mais 67. Mais 17. Que apenas venham. Mesmo que doa. Mesmo que canse. Mesmo que seja obrigado a conviver com o gosto de cloro. Talvez isso não seja plano para mais ninguém. Não importa. Que sigam os jogos, a temporada está só começando.

 


 

Carta de suicídio de Hunter S. Thompson:

“A temporada de futebol americano acabou.

Chega de jogos. Chega de bombas. Chega de andanças. Chega de natação. 67 anos. São 17 acima dos 50. 17 mais dos que necessitava ou queria. Aborrecido. Sempre grunhindo. Isso não é plano, para ninguém. 67. Estás ficando avarento. Mostra tua idade. Relaxe. Não doerá”

 


 

Gabriel Protski