Marco Antonio
Fomos almoçar juntos, quase todos daqui.
Foi difícil de arranjar uma vaga pra estacionar. Não que faça diferença pra mim, que não dirijo. Pelo menos já sabíamos o que queríamos antes de chegar ao restaurante, de forma que poupamos tempo, nosso e do garçom, quando nos acomodamos em nossas cadeiras. Estranhei o fato de que tivemos que esperar para conseguir uma mesa, já que o restaurante é uma churrascaria normal, e não uma dessas casas afetadas que são resenhadas em jornais de grande circulação, ou em uma dessas revistas que gente rica finge que gosta pra não ficar de fora dos círculos de coisas que gente rica faz. Mas não sei. Talvez eu tenha me enganado, porque não acompanho críticas gastronômicas. Talvez o lugar seja de fato famoso. Talvez alguém seja atropelado agora ali na rua, enquanto escrevo. Não sei. Viu aquele negócio da gatonet que você comentou esses dias? Se sim, quanto é?
Antes de anotar os pedidos dos pratos, o garçom perguntou o que queríamos tomar. Todos bebemos ontem à noite, o bastante pra justificar ressacas em graus variados pela manhã, mas ainda assim pensamos em pedir cerveja. Dizem que é a melhor cura pra bebedeira. Sei lá. Nem sei também se alguém além de mim queria mesmo beber álcool. Passamos por dois ou três segundos de impasse, até que alguém pediu uma coca e um copo com limão e gelo. O ato permitiu que todos pensássemos e escolhêssemos por nós mesmos (sem nos importar com o que os demais presentes queriam), através de algum mecanismo tortuoso, cujo funcionamento não me arrisco a explicar.
Queria que você estivesse ali.
Pra falar um pouco de bobagens e um pouco de coisas sérias, sabe?
O “especial” serve cinco pessoas tranquilamente, por um preço honesto. O combo é composto por diversas porções, todas enormes. Pedimos. A primeira bandeja que chegou à nossa mesa continha polenta frita. Ótimo. Bom para abrir o apetite, e também para acompanhar a primeira rodada de bebidas. Ensaiei usar meu garfo para pegar uma daquelas delícias, mas o pessoal já estava usando as mãos pra mesma atividade, e aí me senti mais confortável pra fazer o mesmo. Usaríamos nossos garfos em outros ambientes, penso eu. Ali, não era necessário.
As demais porções começaram a chegar. Arroz, salada, batata frita, carne, enfim. Essas coisas. Um pede para mandar um azeite para aquele lado da mesa, outro não come salada, alguém suja o braço na bandeja de maionese. Aquilo de sempre.
Um garçom mais velho, com cara de chefe dos outros, veio falar com a gente. Perguntou se estava tudo bem. Se era naquele ponto que preferíamos a carne. Qualquer coisa, era só chamar ele. Natural, se ele for mesmo chefe. Não faz muita diferença, né?
Almoçamos. Voltamos aos carros, e posteriormente às atividades da tarde. O dia estava lindo, tal qual você. O que estranhei, já que os dias andam tão esquisitos. Os seus também?
Ontem filmei várias cenas da cidade vazia, do feriado. Edito amanhã e te mando, lá por meia noite, espero. Tenho dormido bem numas noites e mal em outras. Sei lá do que.
Sinto sua falta.
Demore menos pra mandar resposta dessa vez.
Te amo.
Beijo.
Até.
Massa!