– Se a Deise não tivesse aparecido na minha vida, ou eu tava preso, ou eu tava morto.
– Eita.
– Sério.
– Por quê?
– Cê tinha que ver minha disposição quando eu era mais novo. Ainda mais morando do lado do Paraguai.
– Onde cê morava?
– Perto lá.
– E o quê que tinha lá?
– Tinha tudo. Eu levantava um dinheiro. Trazia produto da fronteira, repassava maconha. Tudo que desse grana eu fazia…
– Nah, tudo, tudo, cê num fazia.
– …mas só gastava com merda, também. Aí num adianta, né?! Festa, puta, moto. Um monte de merda. Aí, conheci ela…aí que veio a coisa.
– Que coisa?
– Sei lá.
– Porra, mas que bom, né?! Pelo menos você tá aqui agora.
– É, irmão. Tô te falando.
– Será que tem café ali naquela lanchonete?
– Tem, mas é ruim.
– Vou pegar um.
– Pega um pra mim também?
– Pego sim.
Marco Antonio Santos