postado por Saul
Ela reclamava demais, sempre estava chorando, nada do que tinha era suficiente e sempre alguma uma doença a incomodava. Melissa vivia debilitada, raras vezes em plenitude com sua saúde. Nervos em colapso. Sintomas de todas as enfermidades existentes. Quase todos fictícios. Médico algum jamais desvendou o mistério. Seu físico foi explorado a exaustão. Exames sem necessidade sempre com a palavra negativo em destaque.
Algo que nunca foi explorado – claro que não foi descartado o problema psicológico, mas não analisado de maneira correta – sua psique. Tudo que ela sentia: dores, tristeza e solidão, era por ter ausência de sentimentos. Ela sempre ouviu falar no afeto, sempre quis experimentar esse sentimento, nunca apreciou e ninguém por ela também. Por isso criara todos esses problemas pra ver se alguém demonstrava algo, mesmo que pena, mas não.
Agora ela achou algo que lhe dá todos esses sentimentos e principalmente prazer. Foi de forma inesperada. Estava em transito para ser submetida a mais um exame, que no fundo ela sabia que não teria resultado satisfatório, mas o que ela avistou naquela tarde encheu o seu corpo com um sentimento antes nunca sentido. Não soube nomear aquilo, mas era bom. O que ela avistou ali era um acidente, um motoqueiro colidiu de frente com um ônibus, ele estava em agonia e sofrimento. Seu sofrimento, principalmente os gritos de dor, sangue e fratura exposta, inundava Melissa de alegria e prazer.
Hoje ela não é mais atormenta por aqueles sintomas. Sua saúde é perfeita. Tristeza, que acreditava ser acometida por tal, nunca mais. Agora tem amigos, para encaixar na sociedade é claro. Namorado, não o ama, mas é cômodo ter alguém para família achar que ela é normal, e para o sexo também. Toda semana, de forma metódica, ela causa sofrimento a alguém, nesse momento é quando ela está livre, vivencia as melhores sensações: prazer, satisfação e nenhuma culpa.