postado por Rafaé
Em primeiro lugar, quero expor a paixão que me corroi há uns 20 anos. Mariana, lembra de mim? Estudamos juntos na 5ª G, da Escola Tio Lunga. Desde a última vez que te vi, na festa junina daquele ano, nunca mais lhe esqueci. Tenho até hoje a lembrança de você na barraca da pescaria, sem me notar ao seu lado. Acho que você pescou o peixe que valia um sabonete, ou gelatina – não lembro.
Mas o fato é que agora, decidido a me livrar de todas as questões mal resolvidas, venho até aqui, tentando levar minha vontade até você. Não faço a mínima ideia de como você está, mas as lembranças de sua fisionomia, aos 10 anos, me apetecem até hoje. Seria isso um reflexo de pedofilia? Bem, espero que não.
Não sei o porque, mas só agora, anos depois, consigo pensar racionalmente no que aconteceu entre a gente (ou comigo). Você era minha vontade em todos os dias naquela escola. Sempre pensava em como lhe abordar ao final das aulas, e finalmente atar o nosso relacionamento. Ao contrário do resto dos alunos, que torciam pelo tilintrar do sino que simbolizava o fim das aulas, eu me remoia num canto, com calafrios, só de pensar em olhar nos seus olhos e falar coisas simples – que significariam muito.
Sei que isso só parece simples e fácil, por estar falando hoje, sem o uniforme colegial. A racionalidade é sempre assim, simplifica as coisas, mostrando como agir para que funcionem. Mas quero ver alguém que consiga racionalizar suas atitudes, enquanto afogados pela paixão. Eu não consegui e, provavelmente não conseguiria – mesmo após esquematizar tudo, tantas vezes.
Sinceramente, espero que estas palavras cheguem até você. Talvez, minha vontade mesmo é a de falar com a Mariana colegial, não a adulta.
Carinhosamente, seu eterno quase namorado da 5ª série.
ps.: a qualquer momento, mais sentimentos serão despejados.