Por Henrique Schaefer
-Bom dia gurizada!
É Barbieng, ao sentar em sua mesa, exasperado de felicidade por começar suas tarefas. Eu não sei porque esse cara dá bom dia pra gente. Fingido, exalando sorrisos gratuitos. ’Tá na cara que é fake, pô!’. Passa um dos chefes e ele:
-Bom dia chefinho.
Porra, ainda vou quebrar a cara desse babaca. Em seguida passa o gerente, e Barbieng:
-Oi Frieger, bela gravata!
Não acredito, eu mereço…quem aguenta esse lambe trolha? E agora ele conseguiu o que queria, não divide mais mesa com os estagiários. Está se sentindo o arquiteto. ‘Quer ver que nem vai mais dar bom dia pra gente?’
-Bom dia gurizada!
É, o cara é mais meticuloso do que eu imaginava. E não tem limites nas suas lambidas:
-Nossa, Roxanna, você emagreceu? Está mais bonita!
Bem, ela é uma velha escrota que ninguém sabe o que faz na empresa. E agora está com a face ruborizada, constrangida de prazer. ‘Senhor, me poupe de ver essas obscenidades, por favor.’
Essa semana termina o contrato de estágio de Barbieng: ou é contratado ou olho da rua. Espero que o bom senso vença. Segunda-feira, 7:30 e ele, pra não perder o costume:
-Bom dia gurizada!
O chefe direto do Barbieng resolve contar uma piada. Vocês conhecem a piada do português que perdeu a bota na selva brasileira, etc.
-HAHAHAHAHA. HAHAHAHAH. Chefinho, essa foi de matar… Bela camisa, hein?!
Tão de matar que só você está rindo, sua aberração! E ainda emenda essa da camisa? Acho que dessa vez ele se queimou.
Passada a semana, sexta feira, ‘Parabéns, Barbieng, agora você é arquiteto.’ Ele ignora o meu falso elogio. Não dá mais bom dia. Logo em seguida, o meu contrato de estágio termina. Estou livre e dispensado.